Primeiramente devo lembrar que quando comecei a estudar esse conteúdo na disciplina de Didática tinha uma visão bem simplória de o que era currículo e como ele era seguido nas escolas, espero que a visão agora obtida após estudar essa teorização tenha sido de uma considerável fundamentação esclarecendo verdadeiramente a função e o conceito de Currículo na história da educação desde1920 até os dias atuais.
Durante o processo de industrialização em 1920, surge uma primeira reflexão - teorização- sobre currículos. Essa teorização faz um paralelo entre a escola e a fábrica e se chama teorias tradicionais, alguns autores dessa teorização são Bobbit, Tayler entre outros. Tem como característica principal uma perspectiva conservadora da sociedade, a visão de escola como um modelo industrial, tinha como objetivo formar para o trabalho, fixado habilidades e elaborando a ideia de eficiência.
Já a elaboração de uma crítica social, as teorias críticas que vão de 1960 á 1980 evidencia o legado marxista. É feita então uma crítica social contra o capitalismo, nos anos 70 se expõe "o currículo é ideológico". Vários autores contribuem para essa teorização sendo eles: Bourdieu, Passeron, Althusser, Michel Apple, Giroux, Paulo Freire entre outros. A partir dos anos 70 passa-se a pensar o currículo de maneira crítica, com enfase no sujeito. Elaboram ideias onde a escola reproduz as relações sociais e transmite uma ideologia onde os valores são ensinados de maneiras explícitas através do dia a dia escolar. O currículo passa a ser compreendido como uma política cultural.
Há então uma continuidade e aprofundamento das teorias críticas resultando nas teorias pós-criticas elaboradas a partir da década de 80, tem como contexto a globalização da economia, tecnologias da informação e comunicação, a sociedade pode se dizer que está complexa. No Brasil o processo de democratização da educação está acontecendo.
Como ha várias vertentes nessa teorização aqui estão alguns pontos principais delas. Focaliza-se então na Diversidade Cultural, o currículo como um instrumento de luta política, a ideia de que não deve haver hierarquias entre as culturas. "Diferenças culturais, remetem a relações de poder". São evidenciados também aspectos sociais onde colocamo gênero e a raça como fatores significativos na reprodução da desigualdade social. Questões em que os textos curriculares são recheados de referencias narrativas étnicas e raciais, é explorado o que não foi construído no currículo até então.
Essas repercussões das teorias críticas e pós-críticas servem para pensarmos o currículo também fora da escola, existindo portando um sentido amplo de currículo. Depois de ter contato com essa teorização percebi alguns elementos no meu processo de escolarização tais como a imposição de um status quo onde os alunos de renda menos favorecidos cobiçavam determinados objetos e até mesmo comportamentos de outros com uma renda mais alta, portando um maior status social. Percebi a influência dessa ideologia dominante da sociedade capitalista, é tão presente que em determinadas situações nem percebemos a presença massiva dela.
Eu acredito que como futuros historiadores devemos lembrar que esse currículo é uma invenção social como qualquer outra derivado portanto de um processo histórico e que ambos teorias nos ensinam, de diferentes formas que o currículo é uma questão de saber, identidade e poder.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: introdução ás teorias de currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. 156p.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: introdução ás teorias de currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. 156p.